quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Natal e Bioética: caridade e solidariedade ou mero consumismo?

Por Renata Bicudo Molinari 

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Apesar dos cristãos ocidentais comemorarem o Natal em 25 de dezembro como sendo o nascimento de Jesus Cristo, não se tem, nos evangelhos, registros exatos da data de seu nascimento, sendo o primeiro registro histórico da comemoração do Natal datado da primeira metade do século III d.C, onde o então Bispo de Roma, Hipólito, determinou que o dia 2 de janeiro seria o dia onde o nascimento de Cristo seria comemorado.
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Natal deriva da palavra natale do latim e significa nascimento, veio como resposta da Igreja Católica para substituir a comemoração pagã persa do nascimento do sol (Natalis Invicti Solis). 

Dar-se presentes no Natal tem sua origem nos costumes romanos da era pré-cristã, tendo persistido aos tempos atuais por diversas superstições e histórias, como a de São Nicolau, que seria um benfeitor anônimo que distribuia presentes na época de comemoração ao nascimento de Jesus, tornando a entrega de presentes um ato de benevolência e caridade. Porém, nos tempos atuais vemos que estes princípios estão sendo, de certa forma, esquecidos ou negligenciados por uma sociedade cada vez mais consumista e individualista.


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A tradição da troca de presentes acabou deturpada, sendo usada para estimular o consumismo exacerbado e vaidade das pessoas que se esquecem do sentido religioso da ocasião e acabam valorizando a quantidade e o valor monetário de presentes materiais comprados, dados e recebidos do que a prática da solidariedade, compaixão e caridade. 
Em um país onde cerca de 20% na população vive em situação de pobreza ou indigência é irônico pensar no quanto se gasta em presentes nesta época, tornando o Natal um evento político, econômico e de determinação de status. 
Enquanto o comércio borbulha de consumidores ávidos , diversas vidas esperam um simples gesto de carinho ou consideração, os mais vulneráveis de nossa sociedade, aqueles que vivem à sombra do que chamamos de civilização, as vezes passam despercebidos no meio da multidão consumista, suplicantes por um aperto de mão, um sorriso, um afago na cabeça, animais humanos e não humanos que clamam nossa atenção e socorro são negligenciados inclusive nesta data, que deveria estimular nossa compaixão e doação. 

Ignoramos seu sofrimento, sua situação social e emocional, fechamos os olhos e delegamos a responsabilidade ao Governo e às ONGs, esquecendo que toda a sociedade é responsável por estes indivíduos, humanos ou não, uma vez que são dependentes de nossa ajuda e sensibilidade, que são detentores de direitos e sencientes e que, muitas vezes, se tornam incapazes de responder por si mesmos, de se defender ou tomar a atitude de procurar soluções ou ajuda. 

O Natal, hoje, é um jogo de marketing onde o consumismo toma o lugar da caridade e onde a caridade, a compaixão e o olhar digno ao próximo fica restrito a alguns poucos grupos...

Feliz Natal!

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